CAPÍTULO 6 O Yoga da Meditação

Disse o Senhor Bendito:

6.1 Aquele que executa a ação a ser cumprida 1 O fato de as ações serem adequadas (“a ser cumpridas”) é um aspecto importantíssimo da ação correta segundo o Karma-Yoga. Não basta que o praticante seja simplesmente indiferente aos resultados. sem atentar 2A palavra anāshrita, traduzida aqui por “sem atentar”, significa “independente” – no caso concreto, “independentemente do fruto da ação”. para o fruto da ação é um renunciador e um yogin; não [o é, porém, aquele que está] sem o fogo [dos sacrifícios] e é inativo 3Essa estrofe resume de novo o ideal da renúncia interior ou simbólica, ou seja, não a renúncia à ação, mas a renúncia na ação.

6.2 Estejas ciente, ó filho-de-Pāndu, de que o que eles chamam de “renúncia” é o Yoga. Pois, sem a renúncia às motivações [egoístas]4Ver também 4.19., ninguém se torna yogin.

6.3 Diz-se que a ação é o meio para o sábio que desejaascender ao Yoga. Para aquele que [já] ascendeu ao [cume do] Yoga, diz-se que o meio é a quietude (shama) 5Estabelece-se aqui uma contraposição entre o adepto plenamente realizado, que sempre repousa na quietude, e o praticante ainda ativo. O sábio que “chegou” já não tem tarefa nenhuma a cumprir. Seu Karma-Yoga é o estado constante de tranquilidade inabalável.

6.4 Quando, com efeito, [o sábio] não se agarra nem aos objetos dos sentidos nem às ações, renunciando a toda motivação – diz-se então, com efeito, ter [ele] ascendido ao Yoga (yoga-ārūdha).

6.5 Deve ele elevar a si mesmo por Si Mesmo; não deve deixarse afundar; pois, [assim como] ele mesmo é em verdade seu próprio amigo, [assim também] ele mesmo é seu próprio inimigo 6Ver meus comentários sobre a dificuldade de traduzir o termo ātman por “si mesmo” ou “Si Mesmo” na nota 52 em 3.43. [Segundo os comentaristas tradicionais, as estrofes 6.5 e 6.6 significam que a mente é amiga do ser que a dominou, refundindo-a no Si Mesmo, ou seja, em seu próprio Eu profundo, na cavidade do coração onde habita o Espírito Universal; ao passo que a mente não dominada é a maior inimiga do ser. (N.T.)]

6.6 É amigo de Si próprio o eu daquele que subjugou a si mesmo por Si Mesmo; mas, para [aquele que] não dominou a si mesmo, seu eu é como um inimigo em [plena] inimizade.

6.7 O supremo Si Mesmo do [yogin] tranquilo que dominou a si mesmo [permanece] concentrado [enquanto experimenta o] calor [e o] frio, [o] prazer [e a] dor, bem como a honra e a desonra.

6.8 Diz-se jungido (yukta) o yogin satisfeito [em] si mesmo com o conhecimento-unitivo e o conhecimento-distintivo, 7Sobre “conhecimento-unitivo e conhecimento-distintivo”, ver a N. do T. ao versículo 3.41. (N.T.) [que] reside nos cimos 8Shankara e Rāmānuja entendem o termo kuta-stha (literalmente, “residente no cume”) como equivalente à “cessação [da ação]”, mas não me parece ser esse o sentido. Embora se diga que o “método” do adepto plenamente realizado no Eu é a quietude (shama), enquanto estiver no corpo ele ainda terá de agir. Esse é o ponto central do ensinamento de Krishna. S. Radhakrishnan (1948) traduz kuta-stha, sem meias palavras, por “imutável”. Zaehner (1966), no mesmo sentido, traduz kuta-stha por “sublime, indiferente”, que se refere a um dos aspectos do estado em questão. Mas Bhaktivedanta Swami (1983) oferece a solução “situado na transcendência”, mais correta, a qual é uma boa descrição da condição do sábio.[e tem os] sentidos dominados:

[para ele], um torrão de terra, uma pedra e [uma peça de] ouro são iguais.

6.9 Distingue-se [o yogin cuja] faculdade-da-sabedoria é a mesma para com 9Aqui, o caso locativo é usado para dar o sentido de “para com” ou “em relação a”. os companheiros, os amigos de bom coração, os inimigos, os indiferentes, os imparciais, os odiosos e também para com os bons e os pecadores.

6.10 O yogin deve jungir continuamente a si mesmo, estabelecido no isolamento, solitário, [com] a mente e o si mesmo controlados, livre da esperança 10Sobre a esperança, ver a nota 42 em 3.30. e da cobiça.

6.11 Estabelecendo para si um assento estável num local puro, nem muito alto nem muito baixo, forrado de tecido, da pele de um veado ou da [gramínea chamada] kusha, 11A palavra shuci, geralmente traduzida como “limpo”, decerto implica não somente a limpeza física como também a pureza ritual. Kusha é o nome de uma gramínea considerada especialmente sagrada pelos hindus.

6.12 tornando a mente unipontual, controlada a atividade do pensamento e dos sentidos, deve ele, sobre o assento, jungir[-se no] Yoga para a autopurificação.

6.13 Mantendo o tronco, a cabeça e o pescoço alinhados, imóveis e estáveis, olhando [relaxado] para a ponta do nariz e sem relancear os olhos ao redor,

6.14 tranquilo [em] si mesmo, despojado de [todo o] medo, firme no voto de castidade, controlando a mente [com] a atenção [voltada] para Mim, jungido – deve ele sentar-se, atento a Mim.

6.15 Assim, jungindo-se sempre, o yogin de mente controlada se aproxima da paz: a suprema extinção (nirvāna), 12A “extinção no fundamento-universal” (brahma-nirvāna) é, segundo meu entendimento, a forma inferior de realização espiritual. É superada pela realização do Deus pessoal. [que tem a sua] subsistência em Mim.

6.16 Mas [este] Yoga não é para o glutão nem para o [que] não come em absoluto, nem tampouco para [o que tem] o hábito de dormir demais, nem ainda para o [que se encontra constantemente] desperto, ó Arjuna.

6.17 [Antes, este] Yoga dissipa o sofrimento daquele [que é] jungido em [relação ao] alimento e [à] recreação, jungido na execução dos atos, jungido em [relação ao] dormir e [ao] despertar.

6.18 Quando a mente é controlada [e] repousa no Si Mesmo somente, despojada-de-anseio por todo [objeto de] desejo – então [o yogin] é chamado “jungido” (yukta).

6.19 “Como uma lâmpada posta [em local] sem vento não bruxuleia” – essa comparação é lembrada [quando] um yogin de mente jungida pratica o Yoga do Si Mesmo.

6.20 Quando a mente é refreada, controlada pelo serviço do Yoga, e quando o Si Mesmo é contemplado por si mesmo em Si Mesmo – [ele] se satisfaz.

6.21 É essa a máxima alegria, a qual é extrassensorial (atīndriya) [e] captada pela faculdade-da-sabedoria [somente]. Quando ele conhece isso, [assim] estabelecido, ele não se desvia da Realidade; 13Está bem claro que a palavra tattvatas é usada aqui no sentido de “da Realidade”.

6.22 depois de tê-la obtido, ele pensa não haver outro ganho maior; e, repousando nela, não é abalado nem pelo mais atroz sofrimento.

6.23 Isto deve ele conhecer como [aquilo que é] denominado “Yoga”: a desunião da união com o sofrimento. Esse Yoga deve ser praticado com determinação e sem espírito de desalento.

6.24 Abandonando por inteiro todos os desejos nascidos da motivação [e], em verdade, controlando completamente, por meio da mente, o exército dos sentidos,

6.25 deve ele pouco a pouco aquietar-se. Conservando firme a faculdade-da–sabedoria para estabelecer a mente no Si Mesmo, não deve pensar em nada.

6.26 Para onde quer que divague a mente instável e inconstante, de lá deve ele, refreando-a, trazê-la de volta ao controle do Si Mesmo.

6.27 Pois a suprema alegria sobrevém àquele Yogin de mente tranquila, de paixões pacificadas, [que] se tornou o fundamento-universal [e] é livre de [toda] mácula.

6.28 Jungindo sempre a si mesmo dessa maneira, o yogin [cujas] máculas se foram alcança com facilidade a infinita alegria [no] contato 14Aqui, “contato” é usado em sentido metafórico. Trata-se de algo muito diferente do “tato” (sparsha) meramente sensorial. Esse “contato” é suprassensorial e mediado pela faculdade-da-sabedoria (buddhi) que se encontra imersa no fundamento-universal. com o fundamento-universal.

6.29 Aquele [cujo] eu é jungido por meio do Yoga [e que] vê o mesmo (sama-darshana) em toda parte contempla a Si Mesmo em todos os seres e a todos os seres em Si Mesmo.

6.30 Para aquele que vê a Mim em toda parte e todas as coisas em Mim, não estou perdido para ele, nem ele para Mim.

6.31 Aquele que se encontra estabelecido na unidade [e] adora a Mim [como Àquele que] repousa em todos os seres – esse 6.32 Aquele que, por Sua Própria identidade, vê o mesmo em toda parte, 15Zaehner (1966) traduz esse termo como “por analogia consigo mesmo” e Radhakrishnan (1948) sugere “igualdade entre si mesmo e os outros”, mas não resta dúvida de que o sentido, aqui, é a realização mística da onipresença do Si Mesmo (ātman) em todas as coisas. ó Arjuna, quer [se trate de] alegria, quer [de] sofrimento, é considerado um yogin supremo.

Arjuna disse:

6.33 Este Yoga proclamado por Ti, [a ser alcançado] por meio da igualdade, ó Madhusūdana– 16Sobre o epíteto Madhusūdana, ver a nota 4 em 1.14. não vislumbro um estado firme [pelo qual possa ser realizado], em razão da inconstância [da mente].

6.34 Inconstante, com efeito, é a mente, ó Krishna; é impetuosa, forte e obstinada. 17Zaehner (1966) prefere traduzir balavad-dridha como “excessivamente forte”. Penso que controlá-la é dificílimo, [tão difícil] quanto [controlar] o vento.

Disse o Senhor Bendito:

6.35 Sem dúvida, ó [Arjuna] dos braços fortes, a mente é inconstante [e] difícil de refrear. Mas pode ser agarrada pela prática e pela impassibilidade, 18Abhyāsa (“prática”) e vairāgya (“impassibilidade”) são os dois polos complementares de todos os tipos de vias espirituais. [A palavra vairāgya significa concretamente o desapego de tudo que procede dos sentidos, da mente e do ego e poderia ser traduzida também como “indiferença” ou “desgosto pelas coisas do mundo”. (N.T.)] ó filho-de-Kuntī.

6.36 O Yoga é difícil de obter para o eu insubmisso; esta é Minha convicção. Mas, para o eu sob controle, é possível, com empenho, obtê[-lo] pelos meios [adequados]. 19O texto usa a palavra upāya (“meios”), que é termo importantíssimo no budismo, em cujo contexto é frequentemente traduzida como “meios hábeis”. Arjuna disse:

6.37 O indisciplinado [cuja] mente se desviou do [processo do] Yoga [e que, consequentemente,] não alcança a consumação do Yoga, [mas que é] dotado de fé – que caminho trilha ele, ó Krishna?

«[O yogin] desejoso da via dos virtuosos, [mas que,] confundindo-se no caminho de Brahman, [tem] a mente desunida (an-eka), se distrai [e] cai sob o poder da ilusão. »

6.38 Acaso o que não obtém sucesso em ambas – [a prática e a impassibilidade] – não perece como uma nuvem fendida, sem alicerce, desvirtuado no caminho do fundamentouniversal, ó [Krishna] dos braços fortes?

6.39 Podes sanar completamente esta dúvida minha, ó Krishna.

Ninguém senão Tu se apresenta para sanar esta dúvida.

Disse o Senhor Bendito:

6.40 Ó filho-de-Prithā, nem aqui [na Terra] nem no [mundo] acima [ou seja, depois da morte] sofrerá ele a destruição, pois ninguém que faz o bem segue um caminho ruim, ó filho.

6.41 Chegando aos mundos dos que praticam a virtude e [ali] residindo por infindáveis 20“Infindáveis” (shāshvatī) tem sentido figurativo nesse contexto, pois até os mais sublimes mundos ou esferas de existência são finitos. A duração da vida nos domínios celestes pode se estender por muitas eras, talvez por todo um kalpa ou até mais. É o caso de Brahma, cuja vida tem a duração de cem kalpas (mais de 15 bilhões de anos solares) anos, [o que] falhou no Yoga 21O “praticante que falhou no Yoga” (yoga-brashta) é, essencialmente, aquele que não chegou a atingir a libertação. Essa palavra composta costuma ser entendida como “aquele  que caiu do Yoga”, mas essa tradução implica que o yogin de algum modo se desviou do caminho, o que não necessariamente é verdade. nasce [novamente] numa família de [pessoas] puras e auspiciosas.

6.42 Ou, senão, nasce numa família de yogins sábios, muito embora um tal nascimento seja muito difícil de ocorrer [neste] mundo.

6.43 Ali, alcança ele a união com a faculdade-da-sabedoria [amadurecida em sua] existência anterior; e mais uma vez se empenha pela consumação [no Yoga], ó Kurunandana. 22Sobre o epíteto Kurunandana, ver a nota 40 em 2.41.

6.44 Em virtude de sua prática [na vida] anterior, ele é levado [adiante] mesmo contra a vontade. [Se tiver] o mero desejo de conhecer o Yoga, transcenderá o fundamento-universal sonoro (shabda-brahman). 23Shabda-brahman (“fundamento-universal sonoro”) é a matriz transcendental que se manifesta para o yogin clarividente como o sagrado monossílabo, que simboliza o Absoluto (Brahman)

6.45 Mas o yogin, empenhando-se com esforço, purificado da culpa, aperfeiçoado no decorrer de muitos nascimentos, segue então o caminho supremo [até o final]. 24O “caminho supremo” (parām gatim) é a libertação definitiva na natureza superior de Deus, que é a Pessoa Suprema (purushottama) – ou seja, Krishna. Ver também a nota 15 em 7.18.

6.46 O yogin é maior que os ascetas. É considerado maior até que os gnósticos (jnānin), e é maior que os-que-executamações-rituais. Sê, portanto, um yogin, ó Arjuna!

6.47 Dentre todos os yogins, além disso, aquele que Me adora com fé [e cujo] eu íntimo 25O “eu íntimo” (antarātman) significa o aspecto mais profundo (ou mais excelso) da mente humana, ou seja, buddhi. Quando a faculdade-da-sabedoria se habitua a imergir-se em Deus, o yogin enceta um relacionamento especial com a Divindade, com cuja graça pode contar durante todo o restante da jornada de autotranscendência. encontra-se absorto em Mim é tido como o mais jungido a Mim.

Notas de Rodapé

  • 1
     O fato de as ações serem adequadas (“a ser cumpridas”) é um aspecto importantíssimo da ação correta segundo o Karma-Yoga. Não basta que o praticante seja simplesmente indiferente aos resultados.
  • 2
    A palavra anāshrita, traduzida aqui por “sem atentar”, significa “independente” – no caso concreto, “independentemente do fruto da ação”.
  • 3
    Essa estrofe resume de novo o ideal da renúncia interior ou simbólica, ou seja, não a renúncia à ação, mas a renúncia na ação.
  • 4
    Ver também 4.19.
  • 5
    Estabelece-se aqui uma contraposição entre o adepto plenamente realizado, que sempre repousa na quietude, e o praticante ainda ativo. O sábio que “chegou” já não tem tarefa nenhuma a cumprir. Seu Karma-Yoga é o estado constante de tranquilidade inabalável.
  • 6
    Ver meus comentários sobre a dificuldade de traduzir o termo ātman por “si mesmo” ou “Si Mesmo” na nota 52 em 3.43. [Segundo os comentaristas tradicionais, as estrofes 6.5 e 6.6 significam que a mente é amiga do ser que a dominou, refundindo-a no Si Mesmo, ou seja, em seu próprio Eu profundo, na cavidade do coração onde habita o Espírito Universal; ao passo que a mente não dominada é a maior inimiga do ser. (N.T.)]
  • 7
    Sobre “conhecimento-unitivo e conhecimento-distintivo”, ver a N. do T. ao versículo 3.41. (N.T.)
  • 8
    Shankara e Rāmānuja entendem o termo kuta-stha (literalmente, “residente no cume”) como equivalente à “cessação [da ação]”, mas não me parece ser esse o sentido. Embora se diga que o “método” do adepto plenamente realizado no Eu é a quietude (shama), enquanto estiver no corpo ele ainda terá de agir. Esse é o ponto central do ensinamento de Krishna. S. Radhakrishnan (1948) traduz kuta-stha, sem meias palavras, por “imutável”. Zaehner (1966), no mesmo sentido, traduz kuta-stha por “sublime, indiferente”, que se refere a um dos aspectos do estado em questão. Mas Bhaktivedanta Swami (1983) oferece a solução “situado na transcendência”, mais correta, a qual é uma boa descrição da condição do sábio.
  • 9
    Aqui, o caso locativo é usado para dar o sentido de “para com” ou “em relação a”.
  • 10
    Sobre a esperança, ver a nota 42 em 3.30.
  • 11
    A palavra shuci, geralmente traduzida como “limpo”, decerto implica não somente a limpeza física como também a pureza ritual. Kusha é o nome de uma gramínea considerada especialmente sagrada pelos hindus.
  • 12
    A “extinção no fundamento-universal” (brahma-nirvāna) é, segundo meu entendimento, a forma inferior de realização espiritual. É superada pela realização do Deus pessoal.
  • 13
    Está bem claro que a palavra tattvatas é usada aqui no sentido de “da Realidade”.
  • 14
    Aqui, “contato” é usado em sentido metafórico. Trata-se de algo muito diferente do “tato” (sparsha) meramente sensorial. Esse “contato” é suprassensorial e mediado pela faculdade-da-sabedoria (buddhi) que se encontra imersa no fundamento-universal.
  • 15
    Zaehner (1966) traduz esse termo como “por analogia consigo mesmo” e Radhakrishnan (1948) sugere “igualdade entre si mesmo e os outros”, mas não resta dúvida de que o sentido, aqui, é a realização mística da onipresença do Si Mesmo (ātman) em todas as coisas.
  • 16
    Sobre o epíteto Madhusūdana, ver a nota 4 em 1.14.
  • 17
    Zaehner (1966) prefere traduzir balavad-dridha como “excessivamente forte”.
  • 18
    Abhyāsa (“prática”) e vairāgya (“impassibilidade”) são os dois polos complementares de todos os tipos de vias espirituais. [A palavra vairāgya significa concretamente o desapego de tudo que procede dos sentidos, da mente e do ego e poderia ser traduzida também como “indiferença” ou “desgosto pelas coisas do mundo”. (N.T.)]
  • 19
    O texto usa a palavra upāya (“meios”), que é termo importantíssimo no budismo, em cujo contexto é frequentemente traduzida como “meios hábeis”.
  • 20
    “Infindáveis” (shāshvatī) tem sentido figurativo nesse contexto, pois até os mais sublimes mundos ou esferas de existência são finitos. A duração da vida nos domínios celestes pode se estender por muitas eras, talvez por todo um kalpa ou até mais. É o caso de Brahma, cuja vida tem a duração de cem kalpas (mais de 15 bilhões de anos solares)
  • 21
    O “praticante que falhou no Yoga” (yoga-brashta) é, essencialmente, aquele que não chegou a atingir a libertação. Essa palavra composta costuma ser entendida como “aquele  que caiu do Yoga”, mas essa tradução implica que o yogin de algum modo se desviou do caminho, o que não necessariamente é verdade.
  • 22
    Sobre o epíteto Kurunandana, ver a nota 40 em 2.41.
  • 23
    Shabda-brahman (“fundamento-universal sonoro”) é a matriz transcendental que se manifesta para o yogin clarividente como o sagrado monossílabo, que simboliza o Absoluto (Brahman)
  • 24
    O “caminho supremo” (parām gatim) é a libertação definitiva na natureza superior de Deus, que é a Pessoa Suprema (purushottama) – ou seja, Krishna. Ver também a nota 15 em 7.18.
  • 25
    O “eu íntimo” (antarātman) significa o aspecto mais profundo (ou mais excelso) da mente humana, ou seja, buddhi. Quando a faculdade-da-sabedoria se habitua a imergir-se em Deus, o yogin enceta um relacionamento especial com a Divindade, com cuja graça pode contar durante todo o restante da jornada de autotranscendência.
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