Bhīshma (“Terrível”), filho do rei Shantanu e da rainha Gangā, assumiu um “terrível” voto perpétuo de celibato para possibilitar que seu pai se casasse com Satyavatī, filha de um pescador. Visto que o pai de Satyavatī só concordaria em ceder a filha se os filhos dela viessem a reinar um dia, Bhīshma decidiu ali mesmo renunciar ao seu direito de sucessão. Seu pai, felicíssimo, concedeu-lhe o poder de escolher a hora de sua morte. Fatalmente ferido na grande guerra, o herói usou seus poderes yogues para adiar a morte por 58 dias com o objetivo de esperar um momento auspicioso. Enquanto isso, comunicou muitos ensinamentos éticos e filosóficos a Yudhishthira.
Bhīshma foi o primeiro comandante dos Kauravas, conquanto tivesse profundo amor por Yudhishthira e pelos irmãos deste. Não obstante fosse forte o suficiente para destruir todo o exército inimigo, declarou que jamais mataria os príncipes Pāndavas, que para ele eram como filhos. Para garantir a vitória dos Pāndavas, Bhīshma disse a Yudhishthira o que fazer para combater com sucesso contra ele próprio. Disse que não lutaria contra Shikhandin, que havia nascido mulher, mas trocara de sexo com um espírito das árvores. Shikhandin odiara Bhīshma durante várias existências, pois ele a havia menosprezado.
Quando Shikhandin atacou Bhīshma, no oitavo dia da guerra, Arjuna avançou atrás de Shikhandin e flechou Bhīshma. Tratava-se de uma grave transgressão da etiqueta do combate; mas, como Bhīshma previra e desejara o sucesso dos Pāndavas, Arjuna foi menos censurado, talvez, do que deveria ter sido.
Embora Bhīshma não tenha nenhuma fala no Gītā, é mencionado várias vezes no Capítulo 1, uma vez no Capítulo 2 e duas vezes no Capítulo 11 do nosso texto, o que indica sua importância.