Bhīmasena, ou simplesmente Bhīma, era famoso por sua força extraordinária. Com dez dias de idade, caiu do colo da mãe sobre uma rocha dura. Não sofreu sequer um arranhão, mas a rocha foi esmigalhada. Mais tarde, quando fazia treinamento militar, dominou o uso da maça.
Na infância e na juventude, Bhīma regularmente derrotava e feria seus primos Kauravas durante os jogos e as brincadeiras. Os Kauravas, ressentidos, envenenaram-no e jogaram-no no Ganges.
Enquanto afundava, um Nāga o picou, mas a picada por acaso continha o antídoto para o veneno dos Kauravas. Enquanto Bhīma descansava no reino subaquático dos Nāgas, Vāsuki, rei das serpentes, lhe deu uma poção mágica que lhe concedeu a força de 10 mil elefantes. Bhīma voltou ao mundo humano no nono dia, quando sua mãe e seus irmãos já estavam quase perdendo a esperança de que ele estivesse vivo.
Quando Pāncālī e os cinco príncipes Pāndavas tiveram de fugir para a floresta depois de seu palácio de laca ser consumido pelo fogo, Bhīmasena carregou-os a todos em seus largos ombros quando a força lhes faltou. Sujeito a rompantes de ira, ele gritou a plenos pulmões que Yudhishthira tinha de ter as mãos queimadas por perder no jogo seu reino e sua família e expor a esposa comum, Pāncālī, à indecência e à brutalidade dos Kauravas.
Bhīma era inveterado matador de demônios e chegou até a enfrentar o idoso Hanumān, rei dos macacos, mas não conseguiu subjugá-lo. Hanumān, devoto e dedicado auxiliar do rei Rāma, parabenizou Bhīma e forneceu-lhe bons conselhos.
A certa altura da grande guerra, Bhīma aniquilou toda a divisão de elefantes dos Kauravas e, sozinho, matou 25 mil soldados de infantaria. Em diversas batalhas, conseguiu matar a maior parte dos filhos de Dhritarāshtra. Quebrou a coxa de Duryodhana, como havia jurado que faria. Quando matou Dushshāsana – outro juramento que fizera –, o triunfante Bhīmasena bebeu o sangue que saía aos borbotões do peito do guerreiro morto. Dushshāsana é aquele que havia tentado desonrar Pāncālī arrancando-lhe a roupa.
Quando os irmãos louvaram Krishna por ter-lhes garantido a vitória na guerra, Bhīmasena afirmou, com arrogância, que o sucesso fora devido a suas proezas. Para ensinar-lhe uma lição, Krishna convidou Bhīmasena, amistosamente, a montar junto com ele o divino pássaro Garuda. Os dois voaram até um enorme lago perto de Lankā, onde Rāma outrora havia combatido Rāvana, rei dos demônios. Krishna pediu a Bhīma que, andando a pé, localizasse a nascente do lago, mas o guerreiro não conseguiu fazê-lo. Nesse processo, foi atacado por guerreiros locais e, para seu horror, viu-se desprovido de forças para defender-se. Assustado, correu de volta a Krishna para proteger-se.
O Deus-homem, fazendo o lago inteiro desaparecer com um gesto de mão, explicou ao orgulhoso Pāndava que os guerreiros que o tinham atacado eram asuras que protegiam o lago e que este era o crânio do demônio Kumbhakarna (“Orelha de Vaso”), morto por Rāma. Bhīmasena, abalado, humildemente pediu desculpas a Krishna.