Alvaro B. Gonçalves
Tradicionalmente, a Bhakti, em termos de Dharshanas ou sistemas interpretativos hindus, é um dos ramos do yoga, ou sistemas que levam à união ou libertação do praticante que neste se engaja.
Temos então os 7 dharshanas:
- Niyaya
- Vaiseshika
- Samkhya
- Yoga
- Purma Mimansa
- Uttara Vedanta
- Gupta Vidya (Gupta Vidya como Teosofia)
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Os 6 primeiros dhashanas, que atuam como as 6 faces do cubo, que é o homem quando expandido em forma de cruz, podem ser estudados em livros como FILOSOFIAS DA INDIA, do Heirich Zimmer (Editora Palas Athena).
A Blavatsky e outros teósofos, e o próprio DK no “Um tratado sobre o fogo cósmico” , em um de seus comentários, classificam a teosofia desta forma, com propriedade, quando a consideramos como a Ciência dos Adeptos.
Já no quarto Dharshana, ou YOGA, existe uma classificação setenária que é bastante útil como matriz para estudar outras modalidades menores de yoga, e que foi objeto de publicações especiais da REVISTA PLANETA com este tema:
- Hatha Yoga: o esforço determinado aplicado ao CORPO FISICO e etérico
- Jnana Yoga: o conhecimento correto buscado com corretos critérios e investigações
- Karma Yoga: caminho da AÇÃO CORRETA, com Equilíbrio e desapego dos resultados
- Bhakti Yoga: o caminho da DEVOÇÃO, com foco no CORPO EMOCIONAL
- Raja Yoga: o caminho do DOMÍNIO DA MENTE, levando ao Samadhi ou oitavo membro
- Mantra Yoga: o caminho através dos SONS e PALAVRAS DE PODER ou Mantras
- Kundalini Yoga: o caminho do DESPERTAR DA ENERGIA SERPENTINA.
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Os Adeptos da Hierarquia também sugerem associar as seguintes RAÇAS RAIZES com as seguintes YOGAs como suas tônicas:
- Terceira Raça Raiz ou Lemuriana: Hatha Yoga
- Quarta Raça Raiz ou Atlante: Bhakti Yoga –
- Quinta Raça Raiz ou Ariana: Jnana Yoga e Raja Yoga
- Sexta Raça Raiz ou Ata-bimânica: Agni Yoga.
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A RAJA YOGA, ou YOGA REAL, com suas 5 Yamas e 5 Niyamas, como os membros 1 e 2 desta, e suas 8 etapas, também é vista como um caminho que sintetiza a HATHA YOGA, a JNANA YOGA, o KARMA YOGA e a BHAKTI YOGA.
Voltando à BHAKTI YOGA, em suas expressões, fácil percebermos que as RELIGIÕES EXOTÉRICAS são veículos para sua prática, já que todas incorporam a DEVOÇÃO à deidade ou santo, ou divindade, em suas diversas expressões, gerando um RELACIONAMENTO entre o devoto e a divindade objeto de adoração ou YIDAM.
E também é fácil percebermos que para que a relação seja desimpedida, o devoto deve PURIFICAR SEU CARÁTER, ou CONTROLAR seus ATOS, SUAS PALAVRAS, SUAS EMOÇÕES e SEUS PENSAMENTOS, buscando um ALINHAMENTO entre estes, para que entre em CORRETA SINTONIA com a DIVINDADE objeto de sua DEVOÇÃO ou ADORAÇÃO, de acordo com o nível do espectro cognitivo e consciencial no qual o fulcro do seu sistema do self esteja estacionado no período desta prática.
Teremos então expressões devocionais pré-racionais ou de filiação totêmica imagética não crítica e obediente, para as de cunho racional ou convencional, incorporando alguma reflexão para racionalizar sua fé ou crença, até as de cunho místico ou santo transrracional, incorporando experiências de êxtase, iluminação, despertar da energia kundalini, imersões místicas, etc.
O livro UM DEUS SOCIAL do Ken Wilber serve de suporte para clarificar aspectos evolutivos deste tipo de envolvimento. Sabemos, pela dinâmica devocional, que efetivamente o DEVOTO experimenta RESPOSTAS DO SER ALVO DA DEVOÇÃO, como nas experiências profundas do mistico RAMAKRISHNA e a DIVINA MÃE KALI.
E aspectos paranormais também se manifestam aqui. Se estudarmos a vida do AVATAR SATHIA SAI BABA e seus devotos, teremos exemplos notáveis. O mesmo se dá para com a vida de santos e santas associados à igreja católica, e também no budismo, no islamismo com seus místicos e sufis, nas linhagens de yoga como na Krya Yoga e Babaji, Larihi Mahasaya, Paramahamsa Yogananda, e em muitas outras tradições.
Em termos dos Sete Raios, também vemos a BHAKTI YOGA como a técnica para a união e sublimação do SEXTO RAIO com o QUARTO RAIO com o SEGUNDO RAIO, ou entre os planos astral ou sexto, búdico ou quarto, e monádico ou segundo.
Sendo o SEGUNDO RAIO o SINTETIZANTE neste atual MANVANTARA SOLAR, e na HIERARQUIA PLANETÁRIA sendo o BODDHISATVA sua plena expressão, temos aqui a finalidade ultérrima da união do devoto com a DIVINDADE no seu aspecto AMOR-SABEDORIA.
O QUARTO RAIO, o da HARMONIA ATRAVÉS DO CONFLITO, da ARTE e da BELEZA, também se expressa no CAMINHO TEMPLÁRIO, ou GUERREIRO-SACERDOTE REAL, e o DEVOTO REBELDE DE VISÃO ESTREITA, com comportamento sectário e violento, a expressão inferior do SEXTO RAIO não sublimado.
E podemos estudar o CAMINHO DA DEVOÇÃO em termos de astrologia esotérica e exotérica, estudando os planetas MARTE, JUPITER, SOL, VENUS, NETUNO, mas esta perspectiva importante já é uma digressão do tema, se estamos buscando uma visão sintética simplificada.
Esta encontramos no controle e purificação do CORPO ASTRAL, buscando sua transmutação na expressão BUDICA, e em termos de chakras, na transferência das energias do PLEXO SOLAR, ou centro de poder pessoal, para o CENTRO CARDÍACO, ou centro de poder ESPIRITUAL como AMOR. O AMOR atua como fator de TRANSMUTAÇÃO, dissolvendo o eu egoísta e autocentrado no SELF SOLAR de AMOR TRANSPESSOAL (que também integra sua pequena expressão pessoal purificada e colocada a serviço da Humanidade como Terceiro Centro do Logos Planetário).
Observemos que não se trata de “destruir o eu pessoal”, mas de transformar e transmutar sua natureza, liberando a CONSCIENCIA da sua identificação EXCLUSIVA com sua expressão pessoal. A Psicologia Esotérica e a Astrologia Esotérica estudam de modo preciso toda a fenomenologia em sua complexidade, ao longo do caminho evolutivo.
Sob o ponto de vista do relacionamento entre estes centros: o DEVOTO como um dos centros e a divindade ou o santo(a) como o outro centro. Este modelo ou paradigma pressupõe, intrinsecamente, a existência de alguma forma de COMUNICAÇÃO, ou de transmissão de DADOS ou INFORMAÇÕES ou IMPRESSÕES ou VIVENCIAS INTENSAS ÍNTIMAS como uma “carga circulando e tocando ambos os centros”.
Não se pode negar que o CENTRO MAIOR, visto como ATIVO neste processo devocional, também não seja afetado ou “tocado” nesta interação. E donde o estabelecimento de PROTOCOLOS DE CONTATO, como a PUREZA DE INTENÇÕES, a PURIFICAÇÃO DO CENTRO MENOR (seus veículos pessoais, o controle de seus atos, suas palavras, suas emoções e pensamentos) para que possa TOCAR O CENTRO MAIOR.
Um exemplo notável se observa nos protocolos de contato e de relação entre um ASPIRANTE até que tenha o direito de ACESSAR DIRETAMENTE SEU MESTRE por meio de algum mantram ou outra forma de contato, para que o MESTRE não seja indevidamente perturbado com demandas e desequilíbrios de natureza meramente pessoal.
Uma maturação do discípulo, passando pelos “fogos frios da impessoalidade” (Ler introdução ao LUZ NO CAMINHO da Mabel Collins) se requer pra que este contato seja estabelecido de modo efetivo. Também podemos estudar o relacionamento entre o próprio eu pessoal ou eu lunar e o Augoeides ou eu solar, como é feito com detalhes no livro CARTAS SOBRE MEDITAÇÃO OCULTISTA, da Alice A. Bailey. E também estudar a SUPREMA CIENCIA DA IMPRESSÃO no livro TELEPATIA E O VEÍCULO ETÉRICO, também da Alice A. Bailey.
Estes relacionamentos, vistos sob o ponto de vista dos FOGOS, veremos no UM TRATADO SOBRE O FOGO CÓSMICO. No caso da mística, estaremos lidando com o FOGO SOLAR, em sua expressão microcósmica e macrocósmica.
O relacionamento entre o FOGO FRICATIVO veremos na própria imersão yogue panenteísta, como a DEUSA MÃE ou NATUREZA e seu filho(a) entregue e receptivo a esta. Esta também é uma perspectiva tântrica. No caso da fusão e dissolução causal, temos o nível da realização sábia de fana ou aniquilação, ou nirvana (na perpspectiva hinayana).
Observemos que com a transferência do fulcro da consciência da personalidade para o self ou eu solar, a personalidade passa a ser vista como um veículo ou forma de expressão no “mundo da forma”, ou um “isto”, e não mais um “eu mesmo”. E então o processo prossegue para que o eu solar, nas iniciações maiores, se torne um “isso” passando o monádico a ser o novo fulcro de indentificação, e então se abrem as escalas macrocósmicas de evolução.
Então, o “eu” como fulcro de identificação, é ocultamente visto como um ÁTOMO ou “unidade indivisível” que gera seu “anel não passarás” ou campo de orbitais no bojo do qual a evolução deste sistema irá ocorrer. E esta poderá ser estudada fisicamente, quimicamente, biologicamente, psicologicamente, como um relacionamento entre fogos, ou qualidades, os números ou geometrias, ou tons, ou cores, ou raios, ou hierarquias, etc.
A PERSPECTIVA BHAKTI, como podemos constatar, é uma abordagem interior ou consciêncial, do processo evolutivo, e bastante impactante num sistema solar cujo propósito é a evolução da CONSCIENCIA, como corolário inevitável.
Texto de Alvaro B. Gonçalves. 6/7/2024