Desta maneira, convertem-se em uma só, concluindo-se a primeira grande união no caminho de retorno. Uma segunda etapa do Caminho deve, portanto, ser trilhada, levando a uma segunda união de maior importância ainda, pois conduz à completa liberação dos três mundos. É preciso lembrar que a alma, por sua vez, é uma união de três energias, das quais as três energias inferiores são reflexo. É uma síntese da energia da própria Vida (demonstrada como o princípio vida no mundo das formas), da energia da intuição, amor-sabedoria ou compreensão espiritual (que se demonstra como sensibilidade e sensação no corpo astral), e da mente espiritual, cujo reflexo na natureza inferior é a mente ou o princípio inteligência no mundo da forma. Nestes três termos atma-budi-manas da literatura teosófica – a triplicidade superior se reflete nos três inferiores e se centra, por intermédio do corpo da alma, nos níveis superiores do plano mental, antes de se precipitar na encarnação – conforme a denominação esotérica.
Modernizando o conceito, podemos dizer que as energias que animam o corpo físico e a vida inteligente do átomo, os estados emocionais sensíveis e a mente inteligente, devem oportunamente ser integradas e transmutadas em energias que animam a alma. São elas a mente espiritual, que transmite iluminação; a natureza intuitiva, que confere percepção espiritual, e a existência viva divina.
Depois da terceira iniciação o “Caminho” é percorrido com grande rapidez, e é concluída a construção da “ponte”, que une perfeitamente a Tríade superior e o reflexo material inferior. Os três mundos da alma e os três da personalidade se tornam um só mundo, onde o iniciado trabalha e atua, sem observar nenhuma diferença, considerando que um mundo é o da inspiração e o outro o campo do serviço e, no entanto, considerando ambos como um só mundo de atividade. Destes dois mundos, o corpo subjetivo etérico (ou corpo de inspiração vital) e o corpo físico denso são os símbolos no plano externo. (Os Raios e as Iniciações) 12. Estamos tratando do trabalho dos “construtores da ponte”. Primeiro, posso assegurar que a verdadeira construção do antahkarana só acontece quando o discípulo está começando a se enfocar claramente nos níveis mentais e, portanto, quando a sua mente está atuando inteligente e conscientemente.
Nesta etapa, ele deve começar a ter uma ideia mais exata do que tinha até então, sobre a diferença que existe entre o pensador, o mecanismo pensante e o pensamento, começando por sua função esotérica dual, que é:
1. O reconhecimento e a receptividade das IDEIAS.
2. A faculdade criadora de construção consciente de formas-pensamento.
Implica necessariamente em uma forte atitude mental e na reorientação da mente para a realidade.
À medida que o discípulo começa a se enfocar no plano mental (intenção primordial do trabalho de meditação), começa a trabalhar em matéria mental e se treina nos poderes e usos do pensamento. Alcança certa medida de controle mental, e pode dirigir a mente em duas direções: para o mundo do esforço humano e o mundo da atividade da alma. Assim como a alma abre caminho para si projetando-se em um fio ou corrente de energia nos três mundos, da mesma maneira o discípulo começa a se projetar conscientemente para os mundos superiores. Sua energia vai, por meio da mente controlada e dirigida, para o mundo da mente espiritual superior e para o reino da intuição. Desta maneira se estabelece uma atividade recíproca.
Desta resposta entre a mente superior e a inferior se fala simbolicamente em termos de luz, e o “Caminho iluminado” vem à existência entre a personalidade e a Tríade espiritual, por intermédio do corpo da alma, assim como a alma se põe em contato definido com o cérebro por meio da mente. Este “Caminho iluminado” é a ponte iluminada. É construída por meio da meditação, é construída pelo esforço constante de atrair a intuição, pela subordinação e obediência ao Plano (que começa a ser reconhecido tão logo a intuição e a mente estejam em estreita relação) e pela incorporação consciente no grupo para servir com o propósito de ser assimilado no todo. Todas estas qualidades e atividades baseiam-se nos alicerces do bom caráter e das qualidades desenvolvidas no Caminho de Provação.
O esforço para atrair a intuição exige meditação ocultista dirigida (não aspiracional). Requer uma inteligência treinada, de modo que a linha de demarcação entre a compreensão intuitiva e as formas de psiquismo superior possam ser vistas com clareza. Requer uma constante disciplina da mente, de maneira a “se manter firme na luz”, e o desenvolvimento de uma interpretação correta e devidamente cultivada, para que o conhecimento intuitivo alcançado possa se revestir das formas mentais corretas.
Pode-se dizer também que a construção da ponte, mediante a qual é possível à consciência atuar com facilidade nos mundos superior e inferior, implementa-se principalmente por uma tendência definidamente dirigida na vida, que conduz firmemente o homem ao mundo das realidades espirituais, além de certos movimentos de reorientação ou enfoque dirigidos, planificados e programados com cuidado.
Neste último processo, o ganho dos meses ou anos passados é rigorosamente avaliado e o efeito do adquirido na vida diária e no mecanismo corpóreo é estudado com cuidado; a vontade-de-viver como ser espiritual aparece na consciência com precisão e determinação, trazendo um progresso imediato.
A construção do antahkarana processa-se indubitavelmente no caso de todo estudante consagrado.
Quando o trabalho é empreendido inteligentemente e com plena percepção do propósito desejado, e quando o aspirante não só é consciente do processo, mas também está alerta e ativo no seu desempenho, o trabalho prossegue com rapidez e a ponte é construída. (Os Raios e as Iniciações) 13. A Ponte entre os Três Aspectos da Mente.
Gostaria de esclarecer um ponto, se puder, pois – sobre este ponto – há muita confusão nas mentes dos aspirantes, e necessariamente é assim.
Consideremos por um momento onde se encontra o aspirante exatamente, quando começa, de maneira consciente, a construir o antahkarana. Atrás dele há uma longa série de existências, cuja experiência o levou a um ponto em que é capaz de avaliar conscientemente sua situação e chegar a certa compreensão de sua etapa evolutiva. Em consequência, pode empreender – com a ajuda de sua consciência que vai despertando e se centrando gradualmente – o passo seguinte a dar, que é o do discipulado aceito.
Nesta altura está orientado para a alma; por meio da meditação e da experiência mística obtém contato ocasional com a alma, o que acontece com crescente frequência; está se tornando um tanto criador no plano físico, tanto em pensamentos como em atos; às vezes, ainda que raramente, tem uma genuína experiência intuitiva, a qual atua no sentido de ancorar “o primeiro tênue fio que o tecedor fabrica em sua empresa fohática”, como coloca O Antigo Comentário. É este o primeiro fio, projetado da Tríade espiritual, em resposta à emanação da personalidade e é resultado da crescente potência magnética de ambos os aspectos da mônada em manifestação.
É evidente que quando personalidade está se tornando adequadamente magnetizada do ângulo espiritual, sua nota ou som surgirá e evocará resposta da alma em seu próprio plano. Mais adiante, as notas da personalidade e da alma, em uníssono, produzirão um efeito definidamente atrativo sobre a Tríade espiritual, a qual, por sua vez, esteve exercendo um crescente efeito magnético sobre a personalidade, o que tem início no momento em que se estabelece o primeiro contato consciente com a alma. A resposta da Tríade é necessariamente transmitida nesta etapa inicial por intermédio do sutratma, produzindo inevitavelmente o despertar do centro coronário. É por esta razão que a doutrina do coração começa a substituir a doutrina do olho. A doutrina do coração rege o desenvolvimento ocultista; a doutrina do olho que é a doutrina do olho da visão – rege a experiência mística. A doutrina do coração baseia-se na natureza universal da alma, condicionada pela mônada, o UNO, e implica em realidade. A doutrina do olho baseiase na relação dual entre a alma e a personalidade. Implica nas relações espirituais, mas também se encontra implícita a atitude da dualidade ou o reconhecimento dos polos opostos. Temos aqui importantes pontos a ter em mente, à medida que esta nova ciência vai se tornando amplamente conhecida.
O aspirante chega, afinal, ao ponto onde os três fios – o fio da vida, o fio da consciência e o fio criador – são centralizados, reconhecidos como correntes de energia e usados deliberadamente pelo discípulo aspirante no plano mental inferior. Ali – falando esotericamente – “permanece e, olhando para cima, vê a terra prometida, de beleza, amor e visão futura”.
Existe, porém, uma descontinuidade de consciência, embora não de fato. Um fio de energia sutrátmica elimina a lacuna e, tenuemente, relaciona a mônada, a alma e a personalidade. Mas o fio da consciência se estende da alma à personalidade unicamente em sentido involutivo. Em sentido evolutivo (usando uma frase paradoxal), do ponto de vista da personalidade no arco evolutivo do caminho de retorno, há pouca percepção consciente entre a alma e a personalidade. Todo o esforço do homem é se tornar consciente da alma e transmutar a consciência na da alma, embora preservando a consciência da personalidade. À medida que a fusão da alma e da personalidade se fortalece, o fio criador se torna cada vez mais ativo e, assim, os três fios gradualmente se fusionam, mesclam e se tornam dominantes, e o aspirante está estão preparado para eliminar a lacuna e unir a Tríade espiritual com a personalidade, por meio da alma. Isso implica em um esforço direto em favor do trabalho criador divino. A chave para entender talvez resida na ideia de que até aqui a relação entre a alma e a personalidade era sustentada constante e principalmente pela alma, à medida em que estimulava a personalidade ao esforço, à visão e à expansão.
Agora, nesta etapa, a personalidade integrada e em processo de rápido desenvolvimento torna-se conscientemente ativa e – em uníssono com a alma – empreende a construção do antahkarana – a fusão dos três fios e a projeção deles para “esferas mais vastas e elevadas” do plano mental, até que a mente abstrata e a mente concreta inferior se relacionem por meio do tríplice fio.
Nossos estudos se referem a este processo; considera-se, logicamente, que a experiência anterior em relação aos três fios tenha ocorrido de maneira normal. O homem agora mantém sua mente firme na luz; possui algum conhecimento de meditação, uma grande devoção e reconhece também o passo seguinte a dar. Gradualmente, o conhecimento do processo fica claro, um crescente contato com a alma é estabelecido e há lampejos ocasionais de percepção intuitiva, provenientes da Tríade. Estes reconhecimentos não se produzem em todos os discípulos, em uns sim e em outros não. Estou mostrando um quadro geral. A aplicação individual e o entendimento futuro devem ser trabalhados pelo discípulo no cadinho da experiência. (Os Raios e as Iniciações) 14. Um dos pontos essenciais que os estudantes devem aprender é o fato profundamente esotérico de que este antahkarana é construído pelo esforço consciente realizado na própria consciência e não somente procurando ser bom, demonstrando boa vontade ou qualidades altruístas, e aspiração elevada.
Muitos esoteristas creem que percorrer o caminho é um esforço consciente para vencer a natureza inferior e expressar a vida em termos de conduta correta, bons pensamentos e compreensão amorosa e inteligente.
É tudo isto, porém ainda algo mais. O bom caráter e uma excelente aspiração espiritual são essencialidades básicas, e o Mestre considera que o discípulo em treinamento já as possui: seu estabelecimento, reconhecimento e desenvolvimento são os objetivos do caminho de provação.
Porém a construção do antahkarana implica em relacionar os três aspectos divinos. Isto envolve uma intensa atividade mental; é necessário possuir o poder da imaginação e visualização, mais a tentativa de construir o Caminho Iluminado com substância mental…
Entretanto, é essencialmente uma atividade da personalidade integrada e consagrada. Os esoteristas não devem adotar a posição de que a única coisa que devem fazer é esperar passivamente alguma atividade da alma, que se produzirá automaticamente depois de haver alcançado contato com ela em certa medida e que, em consequência e com o tempo, esta atividade evocará resposta da personalidade e da Tríade. Não é assim. O trabalho de construção do antahkarana é sobretudo uma atividade da personalidade, ajudada pela alma, o que oportunamente evoca uma reação da Tríade. Na atualidade os aspirantes estão demasiado dominados pela inércia. (Os Raios e as Iniciações)59. A MEDITAÇÃO 1. A base de todo crescimento oculto é a meditação, ou os períodos de gestação silenciosa, durante os quais a alma se expande no silêncio. (Cartas sobre Meditação Ocultista) 2. O que acontece na meditação? Por meio do árduo esforço e da devida atenção às regras estabelecidas, o aspirante consegue se colocar em contato com matéria de qualidade mais sutil do que sua habitual. Faz contato com seu corpo causal e, com o tempo, fará contato com a matéria do plano búdico.
Devido a este contato, a sua própria vibração se acelera momentânea e brevemente. (Tratado sobre o Fogo Cósmico) 3. Pela meditação um homem tem como se liberar da ilusão dos sentidos e da sua sedução vibratória; encontra o próprio centro positivo de energia e se torna conscientemente capaz de usá-lo; portanto, se dá conta que seu verdadeiro Eu atua livre e conscientemente além dos planos sensórios; penetra nos planos da Entidade maior em cuja capacidade irradiadora tem seu lugar; pode então seguir cumprindo os planos conscientemente, à medida que os capta nas diversas etapas de realização; torna-se consciente da unidade essencial. (Tratado sobre o Fogo Cósmico) 4. A principal função da meditação é levar o instrumento inferior a tal condição de receptividade e resposta vibratória que o Ego, ou Anjo Solar, possa utilizá-lo e produzir resultados específicos. Isto implica, portanto, em uma descida de força dos níveis superiores do plano mental (onde mora o Homem real) e uma vibração recíproca que emana do Homem, o Reflexo. Quando estas duas vibrações estão sintonizadas e a interação é rítmica, as duas meditações prosseguem de maneira sincronizada e o trabalho de magia e criação pode continuar sem impedimentos… O que o Anjo Solar faz primeiro é formar um triângulo composto por si mesmo, o homem no plano físico, e o ínfimo ponto de força que é o resultado da sua força unida. Será útil para aqueles que estudam o tema da meditação refletir sobre este procedimento. (Tratado sobre o Fogo Cósmico) 5. Um dos objetivos da meditação diária é habilitar o cérebro e a mente a vibrarem em uníssono com a alma, à medida que ela procura “em profunda meditação” se comunicar com o seu reflexo. (TSMB) 6. Procurem fazer todo esforço para levar mente e cérebro a tal condição de funcionamento que o homem possa sair da própria meditação e (perdendo de vista os próprios pensamentos) tornar-se a alma, o pensador no reino da alma. (TSMB) 7. A meditação muitas vezes é considerada como o meio para estabelecer contato com a alma. No entanto, as pessoas se esquecem de que este contato se produz com frequência por uma atitude reflexiva interna da mente, por uma vida dedicada ao serviço e ao altruísmo e por uma determinação de disciplinar a natureza inferior, para que se torne um verdadeiro canal para a alma. Quando estes três métodos de desenvolvimento são plenamente expressos e se convertem em tendência da vida ou em hábitos permanentes, a meditação então pode ser levada a outro nível de utilidade e atuar como técnica para o desenvolvimento da intuição e a solução dos problemas grupais. Sobre este emprego da meditação gostaria de chamar a atenção. (Discipulado na Nova Era, Volume I) 8. A Ciência da Meditação. Atualmente, na mente dos homens é associada com assuntos religiosos, mas isso diz respeito apenas ao tema. Esta ciência pode ser aplicada a todos os processos da vida. Na realidade, é uma ramificação subsidiária, preparatória para a Ciência do Antahkarana. Ela é realmente a verdadeira ciência da construção da ponte oculta ou da vinculação em consciência. Por meio dela, em especial nas primeiras etapas, o processo de construção é facilitado. É uma das principais maneiras de atuar espiritualmente. É um dos muitos caminhos que levam a Deus; relaciona a mente individual oportunamente com a mente superior e, depois, com a Mente Universal. É uma das principais técnicas de construção e, a seu devido tempo, predominará entre os novos métodos educacionais nas escolas e faculdades. Destina-se especialmente a:
a. Produzir sensibilidade às impressões superiores.
b. Construir a primeira metade do antahkarana, aquela entre a personalidade e a alma.
c. Produzir, oportunamente, a continuidade de consciência. A meditação é essencialmente a ciência da luz porque atua dentro da substância da luz. Uma de suas ramificações tem a ver com a ciência da visualização, porque, à medida que a luz continua a trazer revelação, o poder de visualizar pode aumentar com a ajuda da mente iluminada e o trabalho posterior de treinamento do discípulo para criar é então viabilizado.
Agregaríamos aqui que a construção da segunda metade do antahkarana (aquela que elimina a lacuna em consciência entre a alma e a Tríade espiritual) se denomina “ciência da visão”, porque assim como a primeira metade da ponte é construída usando-se substância mental, a segunda parte é construída usando-se substância da luz. (A Educação na Nova Era) 9. Em todas as escolas esotéricas, a ênfase concentra-se, necessária e corretamente, na meditação.
Do ponto de vista técnico, a meditação é o processo pelo qual o centro da cabeça desperta, é controlado e usado. Quando isto acontece, a alma e a personalidade se coordenam e fusionam, e tem lugar uma unificação que produz no aspirante uma enorme afluência de energia espiritual, energizando todo seu ser, tornando-o ativo e trazendo à superfície todo o bem latente e também o mal. Aqui reside grande parte do problema e do perigo. Por isso a insistência de tais escolas verdadeiras na necessidade de pureza e verdade.
Insistiu-se demais na necessidade de pureza física e não suficientemente na necessidade de evitar todo fanatismo e intolerância. Estes dois defeitos são obstáculos para o estudante muito mais que a dieta errada, e nutrem os fogos da separatividade mais que qualquer outro fator.
A meditação implica em viver uma vida unidirecionada, sempre e todos os dias. Isto impõe forçosamente uma indevida tensão nas células do cérebro, pois as células passivas entram em atividade, e a consciência do cérebro desperta para a luz da alma. Este processo de meditação ordenada, quando empreendido durante um período de anos, complementado pela vida meditativa e um serviço direcionado, despertará com êxito todo o sistema e colocará o homem inferior sob a influência e o controle do homem espiritual; também despertará os centros de força no corpo etérico e estimulará, para entrar em atividade, aquela misteriosa corrente de energia que dorme na base da coluna vertebral. Quando este processo é empreendido com cuidado, com a devida proteção e sob direção, e quando o processo se estender sobre um longo período, há pouco perigo e o despertar acontecerá de maneira normal e de acordo com a lei do próprio ser. No entanto, se a sintonização e o despertar forem forçados, ou realizados por exercícios de distintos tipos antes que o estudante esteja preparado e antes que os corpos estejam coordenados e desenvolvidos, o aspirante então corre diretamente para o desastre. Os exercícios de respiração ou treinamento de pranayama jamais devem ser realizados sem uma direção especializada e somente depois de anos de dedicação espiritual, de devoção e serviço. A concentração nos centros do corpo físico (com a intenção de despertálos) deve ser sempre evitada, pois provocará o super-estímulo e abrirá portas no plano astral, que o estudante terá dificuldade de fechar. Nunca insistirei demais junto aos aspirantes de todas as escolas ocultistas que a yoga para este período de transição é a da intenção unidirecionada, do propósito dirigido, da prática constante da Presença de Deus e da meditação ordenada e regular, praticada sistemática e constantemente durante anos de esforço.
Quando isto se cumpre com desapego e uma vida de serviço amoroso, o despertar dos centros e a elevação do fogo adormecido de kundalini acontecerá com segurança e sanidade, e todo o sistema será levado à requerida etapa de “plena vitalidade”. Não tenho como advertir suficientemente os estudantes contra os processos de prática intensiva de meditação durante horas, ou contra as práticas que têm por objetivo estimular os fogos do corpo, o despertar de um determinado centro e o estímulo do fogo serpentino.
O estímulo geral do mundo é tão grande neste momento e o aspirante comum está tão sensível e tão refinadamente organizado que a excessiva meditação, a dieta fanática, a redução das horas de sono ou o indevido interesse e ênfase na experiência psíquica perturbarão o equilíbrio mental e, muitas vezes, produzirão um dano irrecuperável.
Que os estudantes das escolas esotéricas se disponham a realizar um trabalho regular, discreto e não emocional. Que se abstenham de horas prolongadas de estudo e meditação. Seus corpos ainda são incapazes de suportar a tensão requerida e só prejudicam a si mesmos. Que levem vida normal de trabalho, lembrando, na pressão dos deveres e serviços diários, quem são eles essencialmente e quais são suas metas e objetivos.
Que meditem regularmente todas as manhãs, começando com um período de quinze minutos, nunca excedendo quarenta minutos. Que se esqueçam de si mesmos ao servir e que não concentrem seu interesse no próprio desenvolvimento psíquico. Que treinem suas mentes com uma medida normal de estudo e aprendam a pensar inteligentemente, de maneira que suas mentes possam equilibrar as emoções e os habilitem a interpretar corretamente aquilo com que entram em contato, à medida que a percepção aumenta e a consciência se expande.
Os estudantes devem se lembrar de que não basta haver devoção ao Caminho ou ao Mestre. Os Grandes Seres buscam colaboradores e trabalhadores inteligentes, mais do que devoção às Suas Personalidades, e consideram o estudante que caminha independentemente na luz de sua própria alma um instrumento mais confiável do que o fanático devotado. A luz de sua alma revelará ao aspirante sério a unidade que subjaz em todos os grupos e lhe permitirá eliminar o veneno da intolerância que contamina e entrava tantos. Ela fará com que reconheça os princípios espirituais fundamentais que guiam os passos da humanidade; o obrigará a passar por alto a intolerância, o fanatismo e a separatividade que caracterizam as mentes pequenas e o principiante no Caminho, e o ajudará assim a amá-los de tal forma que eles começarão a ver mais corretamente e a ampliar seus horizontes. Ela permitirá que avalie de fato o valor esotérico do serviço e lhe ensinará, acima de tudo, a praticar aquela inofensividade que é a qualidade relevante de todo Filho de Deus. Uma inofensividade que não pronuncia nenhuma palavra que possa prejudicar outra pessoa, que não tem nenhum pensamento que envenene ou interprete erradamente, e que não pratica nenhuma ação que possa ferir nem o mais insignificante de seus irmãos – virtude principal que permitirá ao estudante esotérico trilhar com segurança o difícil caminho do desenvolvimento. Quando se acentua o serviço ao semelhante e a tendência da força vital se exterioriza para o mundo, não há perigo e o aspirante pode meditar, aspirar e trabalhar com segurança. Sua motivação é pura e ele está procurando descentralizar a personalidade e desviar o foco da atenção de si mesmo para o grupo. Desta maneira, a vida da alma pode fluir através dele, expressando-se como amor a todos os seres. Ele sabe que é parte de um todo e que a vida desse todo pode fluir através dele conscientemente, levando-o a entender a fraternidade e a sua unicidade em relação a todas as vidas manifestadas. (A Exteriorização da Hierarquia) 10. Não se esqueçam de que a meditação esclarece a mente sobre a realidade e a natureza do Plano, que o entendimento traz o Plano ao mundo do desejo e que o amor libera a forma que materializará o Plano no plano físico. Para estas três expressões de suas almas, Eu os convoco. Todos, sem exceção, podem servir destas três maneiras, se assim quiserem. (A Exteriorização da Hierarquia) 11. Os esforços do homem durante a meditação abriram para ele uma porta através da qual pode passar à vontade (e, afinal, com facilidade) a um novo mundo de fenômenos, de atividade direcionada e de ideais distintos. Abriu uma janela pela qual a luz pode entrar, revelando o que é, que sempre foi e existe na consciência do homem, iluminando os lugares obscuros de sua vida, de outras vidas e do ambiente em que atua. Ele liberou dentro de si mesmo um mundo de sons e impressões, que de início são tão novos e diferentes que ele não sabe o que fazer com eles. Sua situação chega a ser tal que requer muito cuidado e ajuste equilibrado.
Ficará evidente para vocês que se há um bom instrumental mental e uma sólida instrução cultural, haverá um senso de proporção equilibrado, capacidade interpretativa, a paciência para esperar até a correta compreensão se desenvolver e uma apropriada disposição de ânimo. Entretanto, se estiverem ausentes, haverá (segundo o tipo de indivíduo e sua visão) perplexidade, falha de entendimento sobre o que está acontecendo, indevida ênfase nas reações da personalidade e nos fenômenos, orgulho pelas realizações, um pronunciado complexo de inferioridade, excessiva conversa; um ir de um lado a outro pedindo explicações, alívio, confiança e buscando companheirismo, ou talvez um completo colapso das forças mentais, ou a ruptura das células cerebrais devido à tensão a que foram submetidas.
Às vezes a euforia resulta do contato com um novo mundo e de um forte estímulo mental. A depressão é um resultado frequente, com base em um senso de incapacidade de corresponder à oportunidade conhecida. O homem vê e sabe demais. Não pode mais estar satisfeito com os antigos ritmos de vida, antigos idealismos e satisfações. Fez certo contato e agora anseia captar em maior medida as novas e vibrantes ideias e uma visão mais ampla. O modo de viver da alma o atraiu e o prendeu. Porém, sua natureza, ambiente, instrumental e suas oportunidades parecem frustrá-lo consistentemente, e sente que não pode seguir adiante nem penetrar nesse novo e maravilhoso mundo. Sente a necessidade de retardar e de viver no mesmo estado mental como até então, ou assim ele acha e assim decide. (Psicologia Esotérica, Volume II) Consulte também: “Meditação sobre o Caminho da Luz Interna”. (Discipulado na Nova Era, Volume I)(a) A Meditação Ajuda o Alinhamento 1. A meditação consiste, fundamentalmente, em facilitar o alinhamento e, desta maneira, possibilitar o contato com o Eu Superior; por isso foi instituída.