“Arjuna disse:
‘O que é Brahman, o que é Adhyātma, o que é ação, ó melhor dos seres masculinos? O que também é citado como Adhibhūta, e o que é chamado de Adhidaiva? O que é aqui Adhiyajña, e como, neste corpo, ó matador de Madhu? E como na hora da partida tu deves ser conhecido por aqueles que têm controlado seu eu?’
“O Senhor Bendito disse:
‘Brahman é o Supremo e indestrutível. Adhyātma é citado como sua própria manifestação. A oferenda (para alguma divindade em um sacrifício) a qual causa a produção e desenvolvimento de todos, isso é chamado de ação.
Lembrando somente de mim em (seus) últimos momentos, aquele que, abandonando seu corpo, parte (daqui), entra em minha essência. Não há dúvida nisso. Qualquer forma (de divindade) que uma pessoa lembre quando ela abandona, no fim, (seu) corpo, àquela ela vai, ó filho de Kuntī, tendo habitualmente meditado nela sempre. Portanto, pensa em mim em todos os momentos, e te engaja em batalha.
Fixando a tua mente e intelecto em mim, tu, sem dúvida, virás até a mim. Pensando (no Supremo) com a mente não correndo para outros objetos e dotada de abstração na forma de aplicação ininterrupta, uma pessoa vai, ó filho de Pṛthā, para o Divino e Supremo Ser masculino.
Aquele que na hora de sua partida, com mente firme, dotado de reverência, com poder de abstração, e dirigindo o ar vital chamado Prāṇa entre as sobrancelhas, pensa naquele vidente antigo, que é o soberano (de todos), que é mais minúsculo do que o átomo mais minúsculo, que é o ordenador de tudo, que é inconcebível em forma, e que está além de toda escuridão, vai àquele Divino e Supremo Ser Masculino.
Eu te falarei em poucas palavras acerca daquela base a qual pessoas familiarizadas com os Vedas declaram ser indestrutível, na qual entram ascetas livres de todos os desejos, e na expectativa da qual (as pessoas) praticam os votos de Brahmacārins.
Abandonando (este) corpo, aquele que parte, bloqueando todas as portas (os sentidos), confinando a mente dentro do coração (afastando a mente de todos os objetos externos), colocando seu próprio ar vital chamado Prāṇa entre as sobrancelhas, repousando em contínua meditação, proferindo esta única sílaba Om que é Brahman, e pensando em mim, alcança a meta mais sublime.
Aquele que sempre pensa em mim com mente sempre afastada de todos os outros objetos, para aquele devoto sempre empenhado em meditação, eu sou, ó Pārtha, de fácil acesso. Pessoas de grande alma que atingiram a maior perfeição, chegando a mim, não incorrem no renascimento o qual é a residência da tristeza e que é transitório. Todos os mundos, ó Arjuna, da residência de Brahman para baixo têm que passar por um círculo de nascimentos,1Todas essas regiões sendo destrutíveis e sujeitas ao renascimento, aqueles que vivem lá são igualmente sujeitos à morte e renascimento ao alcançar a mim, no entanto, ó filho de Kuntī, não há renascimento.
Aqueles que sabem que um dia de Brahman termina depois de mil Yugas, e uma noite (dele) termina depois de mil Yugas são pessoas que conhecem dia e noite. Na chegada do dia de (Brahman) tudo o que é manifesto surge do imanifesto; e quando chega (sua) noite, naquele mesmo que é chamado de imanifesto todas as coisas desaparecem.
Aquele mesmo conjunto de criaturas, surg2Nesse círculo de nascimentos e mortes, as próprias criaturas não são agentes livres, estando o tempo todo sujeitas à influência do Karma.o repetidas vezes, se dissolve na chegada da noite, e surge (novamente), ó filho de Pṛthā, quando chega o dia, obrigado (pela força da ação, etc.)[33]
Há, no entanto, outro ente, imanifesto e eterno, o qual está além daquele imanifesto, e que não é destruído quando todas as entidades são destruídas. Ele é citado como imanifesto e indestrutível. Eles o chamam de a meta mais alta, alcançando a qual ninguém tem que voltar.
Aquela é minha base Suprema. Aquele Ser Supremo, ó filho de Pṛthā, Ele dentro de quem estão todos os entes, e por quem tudo isso é permeado, é para ser alcançado por reverência não dirigida para qualquer outro objeto. Eu te direi os momentos, ó touro da raça Bharata, nos quais devotos partindo (dessa vida) vão, para nunca retornar, ou para retornar.
O fogo, a Luz, o dia, a quinzena iluminada, os seis meses do solstício do norte, partindo daqui, as pessoas que conhecem Brahma atravessam esse caminho para Brahma. Fumaça, noite, também a quinzena escura (e) os seis meses do solstício do sul, (partindo) por esse caminho, o devoto, alcançando a luz lunar, retorna.
O claro e o escuro, esses dois caminhos são considerados como (os dois caminhos) eternos do universo. Pelo primeiro, (uma pessoa) vai para nunca voltar; pelo outro, uma pessoa (indo) retorna.
Conhecendo esses dois caminhos, ó filho de Pṛthā, nenhum devoto é iludido. Portanto, em todos os momentos, sê dotado de devoção, ó Arjuna. O resultado meritório que é prescrito para o (estudo dos) Vedas, para sacrifícios, para austeridades ascéticas e para doações, um devoto conhecendo tudo isso (que foi dito aqui), obtém tudo isso, e (também) alcança a base Suprema e Primeva.’”
Notas de Rodapé
- 1Todas essas regiões sendo destrutíveis e sujeitas ao renascimento, aqueles que vivem lá são igualmente sujeitos à morte e renascimento
- 2Nesse círculo de nascimentos e mortes, as próprias criaturas não são agentes livres, estando o tempo todo sujeitas à influência do Karma.