A gota de orvalho do céu que brilha no meio da flor de lótus com o primeiro raio de sol da manhã, quando cai na terra se torna um pedaço de barro; olhe, a pérola agora é uma partícula de lama.
Luta contra teus pensamentos impuros antes que eles te dominem. Usa-os como eles te usarão, porque se os poupares e deixares que criem raízes e cresçam, deves saber que estes pensamentos te dominarão e te matarão. Tem cuidado, Discípulo, não deixes sequer que a sombra de tais pensamentos se aproxime. Porque a sombra crescerá, aumentará em tamanho e poder, e então esta coisa de escuridão absorverá o teu ser antes que tu tenhas percebido bem a presença do monstro preto e repugnante.
Antes que o “Poder místico” 1Kundalini, o “Poder da Serpente”, ou fogo místico. Kundalini é chamada de força “Serpentina” ou anelar por causa da forma espiralada como funciona ou progride no corpo do asceta que está desenvolvendo este poder em si mesmo. É uma força elétrica oculta, da natureza do fogo ou Fohática, a grande força prístina, que jaz sob toda matéria orgânica e inorgânica. possa fazer de ti um Deus, Lanu, tu deves ter desenvolvido a capacidade de destruir à vontade a tua forma lunar.
O Eu Material e o EU Espiritual nunca podem encontrar-se. Um dos gêmeos deve desaparecer; não há lugar para ambos.
Antes que a mente da tua Alma possa compreender, o casulo da personalidade deve ser esmagado; a lagarta dos sentidos deve ser destruída além da possibilidade de ressurreição.
Não podes trilhar o Caminho antes de te transformares no próprio Caminho.2Este “Caminho” é mencionado em todas as obras místicas. Como diz Krishna no Dnyaneshwari: “Depois que este Caminho é visto (…..), quer o indivíduo se encaminhe para a floração do Oriente ou para as câmaras do Ocidente, é sem mover-se, ó arqueiro, que esta estrada deve ser percorrida. Neste caminho, seja qual for o lugar para o qual se vai, o ser do caminhante se transforma no lugar buscado.” “Tu és o Caminho”, estas palavras são ditas ao Adepto Guru, e são ditas por este ao discípulo, depois da iniciação. “Eu sou o modo e o Caminho”, diz outro MESTRE.
Que tua Alma ouça cada grito de dor, assim como a flor de lótus se abre para beber o sol da manhã.
Não deixes que o sol ardente seque uma só lágrima de dor antes que tu a tenhas tirado do olho daquele que sofre.
Mas faz com que cada lágrima humana caia queimando no teu coração e lá permaneça; não a afastes jamais, antes que a dor que a causou tenha sido removida.
Estas lágrimas, ó ser de coração extremamente piedoso, estas são as correntes que irrigam os campos da compaixão imortal. É neste solo que nasce a flor da meia-noite de Buddha, 3O Adeptado − “a floração do Bodhisattva”. mais difícil de
encontrar e mais rara que a flor da árvore de Vogay. É a semente da libertação dos renascimentos. Ela isola o Arhat tanto do conflito como da luxúria, e o leva através dos campos do Ser até a paz e a bem-aventurança conhecida apenas na terra do Silêncio e do Não-Ser.
Mata o desejo; mas, se o matas, cuida para que ele não ressurja dos mortos outra vez.
Mata o amor à vida, mas, se matas Tanha 4Tanha − “A vontade de viver”, o medo à morte e o amor pela vida, a força ou energia que provoca o renascimento., que isso não seja por uma sede de vida eterna, mas sim para substituir o que é passageiro pelo que é eterno.
Não desejes coisa alguma. Não te irrites com o Carma, nem com as leis imutáveis da Natureza. Mas luta apenas com o que é pessoal, com o transitório, o evanescente e o perecível.
Ajuda a Natureza e trabalha com ela; e a Natureza te verá como um dos seus criadores, e te obedecerá.
E ela abrirá diante de ti os portais das suas câmaras secretas, e revelará diante do teu olhar os tesouros ocultos nas profundezas do seu puro seio virgem. Jamais manchada pela mão da Matéria, ela mostra os seus tesouros apenas para o olho do espírito − o olho que jamais se fecha, a visão diante da qual não há um só véu, em todos os reinos da natureza.
Então ela te mostrará os meios e o caminho, o primeiro portão e o segundo, o terceiro, até o próprio sétimo portão. E, então, a meta; depois da qual estão, sob o sol do Espírito, glórias indizíveis que só o olho da Alma pode ver.
Há uma única estrada para o Caminho; só no seu final a Voz do Silêncio pode ser ouvida. A escada pela qual o candidato sobe é formada por degraus de sofrimento e dor, e estes só podem ser silenciados pela voz da virtude. Ai de ti, portanto, discípulo, se houver um só vício que ainda não abandonaste; porque então a escada cederá e te derrubará. O pé desta escada se apóia na lama profunda dos teus pecados e falhas, e, antes que tu possas tentar atravessar este amplo abismo de matéria, tens que lavar os teus pés nas Águas da Renúncia. Cuida para não pôr um pé ainda sujo no primeiro degrau da escada. Ai daquele que ousa sujar um degrau com pés enlameados. O barro mau e pegajoso seca, se torna resistente, e então gruda os seus pés naquele ponto. E, assim como um pássaro preso pela isca do caçador astuto, ele fica impossibilitado de obter mais progresso. Os seus vícios tomam forma e o arrastam para baixo. Seus pecados erguem suas vozes como a risada e o soluço do chacal depois que o sol se pôs. Os seus pensamentos se tornam um exército e o levam para longe como um escravo e um prisioneiro.
Mata teus desejos, Lanu, torna teus vícios impotentes, antes que seja dado o primeiro passo da viagem solene.
Estrangula os teus pecados e torna-os mudos para sempre, antes de erguer um pé para subir pela escada.
Silencia os teus pensamentos e fixa toda tua atenção em teu Mestre, que ainda não vês, mas sentes.
Funde os teus sentidos em um só sentido, se queres estar seguro contra o inimigo. É por este sentido apenas – que está escondido dentro do vazio do teu cérebro – que o caminho íngreme até o teu Mestre pode ser revelado diante dos teus olhos turvos.
O caminho diante de ti é longo e cansativo, ó discípulo. Um só pensamento sobre o passado, que tu deixaste para trás, te arrastará para baixo e então terás que começar novamente a subir.
Mata em ti mesmo toda memória de experiências passadas. Não olhes para trás ou estarás perdido.
Não acredites que se possa jamais eliminar a luxúria gratificando-a ou saciando-a, porque esta ideia é uma abominação inspirada por Mara. É ao alimentar o vício que o vício se expande e se torna forte, como o verme que engorda às custas do coração de uma flor.
A rosa deve transformar-se novamente em botão, nascido do seu caule progenitor antes que o parasita comesse seu coração e bebesse o seu fluido vital.
A árvore dourada produz botões de jóias antes que o seu tronco fique ressequido devido à tempestade.
O Aluno deve recuperar o estado infantil que ele perdeu, antes que o primeiro som possa chegar ao seu ouvido.
A luz vinda do MESTRE ÚNICO, a única luz dourada e imperecível do Espírito, lança seus raios brilhantes sobre o Discípulo desde o início. Os seus raios atravessam as nuvens densas e escuras de Matéria.
Aqui e ali, agora e mais adiante, estes raios iluminam a Matéria assim como os clarões da luz do sol iluminam a terra através da densa folhagem da floresta em crescimento. Mas, ó Discípulo, a menos que o corpo físico esteja imóvel, a mente calma, a Alma tão firme e tão pura como um diamante que brilha, a energia radiante não chegará à câmara, a sua luz de sol não aquecerá o coração, nem os sons místicos das alturas do akasha 5Os sons místicos, ou a melodia, escutados pelo asceta no início do seu ciclo de meditação, chamado de Anahad-shabd pelos iogues. alcançarão os ouvidos – por mais que eles estejam atentos – no estágio inicial.
A menos que tu escutes, não poderás ver.
A menos que tu vejas, não poderás escutar. Ouvir e ver é o segundo estágio.
Quando o Discípulo vê e ouve, e quando ele percebe o odor e o gosto com os olhos e ouvidos fechados e a boca e as narinas paralisadas, quando os quatro sentidos se combinam e estão prontos a passar para o quinto sentido, o sentido do tato interior − então ele passou para o quarto estágio.
E no quinto, ó matador dos teus pensamentos, todos eles têm de ser mortos de novo, além da possibilidade de serem reanimados. 6Isto significa que no sexto estágio de desenvolvimento − que, no sistema oculto, é Dharana − todos os sentidos, considerados como funções individuais, devem ser “mortos” (ou paralisados) neste plano, passando para e fundindo-se com o Sétimo sentido, o mais espiritual.
Afasta a tua mente de todos os objetos externos, de todas as visões externas. Detém as imagens internas, para que elas não lancem uma nuvem escura sobre a luz da tua Alma.
Tu estás agora em DHARANA 7Veja a nota sobre “Dharana”, no parágrafo 2 deste Fragmento I., o sexto estágio.
Quando tu tiveres passado para o sétimo, ó ser feliz, tu já não perceberás o Três sagrado 8Cada estágio de desenvolvimento em Raja Ioga é simbolizado por uma figura geométrica. Este estágio é o Triângulo sagrado e antecede Dharana. O Δ é o signo dos chelas avançados, enquanto um outro tipo de triângulo é o símbolo dos altos Iniciados. É o símbolo “I” sobre o qual falou Buddha, usando-o como símbolo da forma encarnada de Tathágata, quando libertado dos três métodos de Prajna. Uma vez que os estágios preliminares e inferiores tenham sido passados, o discípulo não vê mais o Δ , mas sim o − , que é uma abreviação do −, o Setenário completo. A sua verdadeira forma não é dada aqui, porque é quase certo que ela seria usada por alguns charlatães e − profanada em seu uso em função deobjetivos fraudulentos., porque te terás transformado tu mesmo naquele Três. Tu mesmo e a mente, como gêmeos em uma linha; a estrela que é a tua meta brilha no alto.9A estrela que brilha no alto é “a estrela da iniciação”. A marca da casta dos Shaivas, os devotos da seita de Shiva, o grande patrono de todos os iogues, é uma pequena pintura preta redonda, símbolo do Sol, agora, talvez, mas símbolo da estrela de iniciação, em Ocultismo, nos tempos antigos.
Os Três que vivem na glória e na bem-aventurança inefável agora perderam seus nomes no Mundo de Maya. Eles se tornaram uma estrela, o fogo que brilha mas não queima, aquele fogo que é o Upadhi 10A base, upadhi, da sempre inalcançável CHAMA, enquanto o asceta estiver ainda nesta vida.da Chama.
E isso, ó iogue bem sucedido, é o que os homens chamam de Dhyana 11Dhyana é o último estágio antes do estágio final nesta terra, a menos que o indivíduo se torne um completo MAHATMA. Como já foi dito, neste estágio o Raja Iogue ainda é espiritualmente consciente do Eu, e do funcionamento dos seus princípios mais elevados. Mais um passo, e ele estará no plano que fica além do Sétimo, o quarto, segundo algumas escolas. Estes, depois da prática de Pratyahara – um treinamento preliminar, para obter o controle da sua própria mente e dos seus pensamentos – contam Dhasena, Dhyana e Samadhi, e incluem as três sob o nome genérico de SANNYAMAo legítimo precursor de Samadhi.12Samadhi é o estágio em que o asceta perde a consciência de toda individualidade, inclusive a sua própria. Ele se torna – o TODO.
E agora o teu Eu está perdido no EU, tu mesmo estás em TI MESMO, unido a AQUELE EU do qual foste irradiado em primeiro lugar.
Onde está a tua individualidade, Lanu, onde está o Lanu, ele próprio? Ele é a faísca que se perdeu na chama, é a gota dentro do oceano, o raio sempre-presente que se transforma no Todo e na radiância eterna.
E agora, Lanu, tu és o autor e a testemunha, o radiador e a radiação, a Luz no Som, e o Som na Luz.
Tu conheces os cinco impedimentos, ó ser abençoado. Tu és o vencedor, o Mestre do sexto, transmissor dos quatro tipos de Verdade.13Os “quatro tipos de verdade” são, para o budismo do norte: Ku, sofrimento ou aflição, Tu, o conjunto das tentações, Mu, a destruição dos anteriores, e Tau, o “caminho”. Os “cinco impedimentos” são o conhecimento da aflição, a verdade da fragilidade humana, as restrições opressivas, e a necessidade absoluta de separação de todos os laços de paixão, e mesmo de desejos. O “Caminho da Salvação” é o último dos impedimentos.A luz que cai sobre eles brilha a partir de ti, ó tu que foste um discípulo, mas agora és um Mestre.
Em relação a estes tipos de Verdade: −
Tu não passaste pelo conhecimento de toda aflição − a primeira verdade?
Não venceste o Rei dos Maras no Tsi, o portal de reunião − a segunda verdade?14No portal do “reunião”, o rei dos Maras, o Maha Mara, permanece tentando cegar o candidato através do brilho da sua “Jóia”.
Não destruíste o pecado no terceiro portão, atingindo a terceira verdade?
Não entraste no Tau, o “Caminho” que leva ao conhecimento, a quarta verdade?15Este é o quarto “Caminho”, dos cinco caminhos de renascimento que levam todos os seres humanos e os lançam em estados perpétuos de dor e contentamento. Estes “Caminhos” são apenas sub-divisões do Único caminho, o Caminho seguido pelo Carma.
Que descanses agora sob a árvore de Bodhi, a perfeição de todo conhecimento; porque tu deves saber que és o Mestre do SAMADHI − o estado em que há uma visão impecável.
Observa! Tu te tornaste a Luz, tu te tornaste o som, tu és o teu Mestre e o teu Deus. Tu és TU MESMO o objeto da tua busca: a Voz inquebrantável que ressoa através das eternidades, isenta de mudança, isenta de pecado, os Sete Sons em um,
Notas de Rodapé
- 1Kundalini, o “Poder da Serpente”, ou fogo místico. Kundalini é chamada de força “Serpentina” ou anelar por causa da forma espiralada como funciona ou progride no corpo do asceta que está desenvolvendo este poder em si mesmo. É uma força elétrica oculta, da natureza do fogo ou Fohática, a grande força prístina, que jaz sob toda matéria orgânica e inorgânica.
- 2Este “Caminho” é mencionado em todas as obras místicas. Como diz Krishna no Dnyaneshwari: “Depois que este Caminho é visto (…..), quer o indivíduo se encaminhe para a floração do Oriente ou para as câmaras do Ocidente, é sem mover-se, ó arqueiro, que esta estrada deve ser percorrida. Neste caminho, seja qual for o lugar para o qual se vai, o ser do caminhante se transforma no lugar buscado.” “Tu és o Caminho”, estas palavras são ditas ao Adepto Guru, e são ditas por este ao discípulo, depois da iniciação. “Eu sou o modo e o Caminho”, diz outro MESTRE.
- 3O Adeptado − “a floração do Bodhisattva”.
- 4Tanha − “A vontade de viver”, o medo à morte e o amor pela vida, a força ou energia que provoca o renascimento.
- 5Os sons místicos, ou a melodia, escutados pelo asceta no início do seu ciclo de meditação, chamado de Anahad-shabd pelos iogues.
- 6Isto significa que no sexto estágio de desenvolvimento − que, no sistema oculto, é Dharana − todos os sentidos, considerados como funções individuais, devem ser “mortos” (ou paralisados) neste plano, passando para e fundindo-se com o Sétimo sentido, o mais espiritual.
- 7Veja a nota sobre “Dharana”, no parágrafo 2 deste Fragmento I.
- 8Cada estágio de desenvolvimento em Raja Ioga é simbolizado por uma figura geométrica. Este estágio é o Triângulo sagrado e antecede Dharana. O Δ é o signo dos chelas avançados, enquanto um outro tipo de triângulo é o símbolo dos altos Iniciados. É o símbolo “I” sobre o qual falou Buddha, usando-o como símbolo da forma encarnada de Tathágata, quando libertado dos três métodos de Prajna. Uma vez que os estágios preliminares e inferiores tenham sido passados, o discípulo não vê mais o Δ , mas sim o − , que é uma abreviação do −, o Setenário completo. A sua verdadeira forma não é dada aqui, porque é quase certo que ela seria usada por alguns charlatães e − profanada em seu uso em função deobjetivos fraudulentos.
- 9A estrela que brilha no alto é “a estrela da iniciação”. A marca da casta dos Shaivas, os devotos da seita de Shiva, o grande patrono de todos os iogues, é uma pequena pintura preta redonda, símbolo do Sol, agora, talvez, mas símbolo da estrela de iniciação, em Ocultismo, nos tempos antigos.
- 10A base, upadhi, da sempre inalcançável CHAMA, enquanto o asceta estiver ainda nesta vida.
- 11Dhyana é o último estágio antes do estágio final nesta terra, a menos que o indivíduo se torne um completo MAHATMA. Como já foi dito, neste estágio o Raja Iogue ainda é espiritualmente consciente do Eu, e do funcionamento dos seus princípios mais elevados. Mais um passo, e ele estará no plano que fica além do Sétimo, o quarto, segundo algumas escolas. Estes, depois da prática de Pratyahara – um treinamento preliminar, para obter o controle da sua própria mente e dos seus pensamentos – contam Dhasena, Dhyana e Samadhi, e incluem as três sob o nome genérico de SANNYAMA
- 12Samadhi é o estágio em que o asceta perde a consciência de toda individualidade, inclusive a sua própria. Ele se torna – o TODO.
- 13Os “quatro tipos de verdade” são, para o budismo do norte: Ku, sofrimento ou aflição, Tu, o conjunto das tentações, Mu, a destruição dos anteriores, e Tau, o “caminho”. Os “cinco impedimentos” são o conhecimento da aflição, a verdade da fragilidade humana, as restrições opressivas, e a necessidade absoluta de separação de todos os laços de paixão, e mesmo de desejos. O “Caminho da Salvação” é o último dos impedimentos.
- 14No portal do “reunião”, o rei dos Maras, o Maha Mara, permanece tentando cegar o candidato através do brilho da sua “Jóia”.
- 15Este é o quarto “Caminho”, dos cinco caminhos de renascimento que levam todos os seres humanos e os lançam em estados perpétuos de dor e contentamento. Estes “Caminhos” são apenas sub-divisões do Único caminho, o Caminho seguido pelo Carma.